Quando
pensei ir estudar Recursos Humanos, o principal factor que me motivou, foram as
pessoas. Uma vez que trabalhava (e continuo) a trabalhar em Contabilidade e
Recursos Humanos, o factor ligado às pessoas pesou muito mais do que os
números.
A
contabilidade era aquilo e aquilo mesmo, eram os números pelos números e eu
optei pelas pessoas. Sempre fui uma pessoa muito afectuosa, muito do contacto
com as pessoas e isso motivou-me a ir para a Universidade estudar esta área.
Sou
da opinião que, em qualquer organização, são os recursos humanos, a mais valia
da empresa. As empresas podem ter as melhores máquinas e equipamentos, mas estas não trabalham sozinhas.
Colaboradores motivados, bem remunerados, formados e que sentem que
pertencem àquele núcleo, são colaboradores muito mais produtivos, muito mais
motivados a trabalhar e a dar tudo pela “sua” empresa. E há, mesmo em Portugal,
bons exemplos disso. Alguns deles, vindos até, de empresas que não se esperava.
Algumas até pequenas.
Recordo-me
de um exemplo, no primeiro ano que foi aplicada a sobretaxa de IRS, uma PME de
Palmela, pagou a sobretaxa pelos seus colaboradores. Entrevistaram o patrão e
alguns trabalhadores e o que mais me impressionou foi o sorriso estampado no
rosto de cada uma daquelas pessoas. Sentia-se que gostavam de colaborar naquela
organização, faziam-no por prazer. Outro exemplo, li há poucos dias no Dinheiro
Vivo que uma empresa de Felgueiras, ao contrário de baixar salários,
aumentou-os. Em vez de despedir, contratou mais pessoas. Podem ler o artigo na
íntegra no link: http://www.dinheirovivo.pt/opiniao_blogs/Editorial/interior.aspx?content_id=3967204
E
é isto. Depois fico chocada com outras notícias que leio, que há empresas que
obrigam trabalhadoras a assinar documentos, em que se comprometem a não
engravidar nos próximos 5/6 anos. Mas isto é o quê? O que é que andamos a fazer
aos recursos humanos? O que é que andamos a fazer à mais-valia maior das
empresas?
Neste
artigo, li comentários de pessoas, que felizmente, trabalham em empresas
líderes de mercado, e que esse trabalho é notável. É verdade. Trabalhadores
satisfeitos, motivados, geram melhores resultados. Será que é difícil perceber
isto?
Eu
sou uma esperançosa nata. Acredito que, ainda vou ter uma oportunidade numa
organização que valorize os seus trabalhadores e se importe com eles (pelo
menos com os que merecem). Porque sim, a minha experiência também já me
mostrou, por diversas vezes que, há trabalhadores que são um fracasso. E por
vezes a lei ainda os defende. Mas este texto é para falar daqueles que dão
tudo, que estão lá, que arregaçam mangas e lutam, trabalham e chegam ao final
de uma jornada de trabalho com a sensação de que são apenas um número
mecanográfico. Que são excelentes porque trabalham muito, mas é esse o dever
deles, não havendo qualquer contrapartida.
Entristece-me
muito, saber que caminhamos, há algum tempo até, para uma vida de pessoas
insatisfeitas no local de trabalho. Sem qualquer valorização, apoio, espírito
de equipa, motivação. Porque os exemplos vêm de cima. E quando não acontece,
arrastam consigo aqueles que deles dependem.
E por isso digo imensas vezes, podem tirar-me tudo, mas jamais me tirarão a esperança e o arregaçar de mangas que tenho. A entrega e a forma como me dou ao trabalho, é das coisas que mais orgulhosa me deixa. Acredito que, chegará o dia em que serei muito valorizada por isso. E não discriminada, como muitas vezes me sinto...