terça-feira, 12 de maio de 2015

Faz amanhã um mês...

Que me vi pela primeira vez num hospital. Saber que ia ser sujeita a uma cirurgia, ficar internada. Pensar que me iam colocar um cateter, não saber o que podia acontecer, foi o que mais me deixou apreensiva. O procedimento era simples, mas se algo falhasse, comprometia uma coisa que eu quero muito. Felizmente tudo correu pelo melhor e eu saí de lá sã e salva (e toda amassada, mas isso é outra coisa).
Fiz uma miomectomia abdominal. Basicamente fui retirar dois miomas que estavam a crescer no meu útero. Um deles já era grande e o outro para lá caminhava. Quando fui à consulta de anestesia pedi expressamente anestesia geral, porque só queria apagar e acordar quando tudo tivesse passado. No dia da cirurgia não foi isso que aconteceu. Uma Dra. veio ter comigo e disse-me que a epidural seria muito melhor e iria permitir um pós-operatório menos doloroso. Eu nem pensei no assunto, só lhe disse que a Dra. saberia o que era melhor. Naquele momento eu já não conseguia pensar. Estava entregue à equipa.
Quando entrei no bloco, comecei a tremer como varas verdes. Não senti frio, apesar de me explicarem que o ambiente era bem mais fresco. Foi a forma do meu corpo reagir àquilo tudo. Eu tentava parar de tremer mas o meu corpo não respondia. Foi constrangedor. O meu sistema nervoso é tramado...
Depois do cateter na mão, viraram-me para me dar a epidural. Com os tremeliques a Dra. teve alguma dificuldade, mas tinha um enfermeiro à minha frente a segurar-me com a maior força que tinha. Nada me doeu tanto como eu pensei que ia doer. Não apaguei como eu queria ter apagado. Não estava completamente lúcida, mas estava acordada. Ouvia os médicos falar sem perceber o que diziam. Sentia-me consciente sem grande consciência.
Tudo correu bem. Quando passei ao recobro, fiquei assustada por não sentir o corpo da cintura para baixo. Caramba, ia jurar que pesava toneladas. Ao fim de algum tempo, a enfermeira sempre a perguntar se já sentia as pernas e eu sem sentir nada. Estive imenso tempo e quando comecei a ganhar sensibilidade foi nos joelhos, nem sequer foi nos pés.
Algum tempo depois, subo novamente ao meu quarto no 6º andar. Ainda estava sob o efeito da anestesia, senti alguns vómitos, mas nada demais. Senti fome, mas de pouco ou nada me serviu, porque as refeições que comi no hospital eram baseadas em líquidos. Água onde cozeram cenouras (ao almoço e ao jantar), ao pequeno almoço, lanche e ceia, chá e sumo de maçã.
O pior de tudo foi no 2º dia de internamento. Quando a Sra. Enfermeira veio ajudar-me a levantar... foi o meu pior pesadelo. Aí sim, senti dores. Dores do camandro. Nunca pensei. A par disso sentia-me fraca, com quebra de tensão... Que horror. E o único pensamento que tinha, era no dia que fosse mãe (caso estivesse sujeita a uma cesariana - procedimento semelhante), e ter ali um bebé a precisar dos meus cuidados e eu naquela situação. Foi horrível pensar nisso.
Mas fui tentando. Levantei-me várias vezes, e é incrível como quando estamos bem, nem nos apercebemos que músculos mexemos. Para nos levantarmos normalmente, a força que fazemos nos músculos abdominais... Tive uma enfermeira espectacular que me ensinou precisamente como eu teria de me levantar sem ter de pressionar a zona da costura. E isso ajudou-me imenso. Fui tentando, uma, outra, e outra vez.
No hospital não consegui descansar grande coisa, apenas e só porque estavam constantemente a entrar no quarto. Medições de temperatura e tensão, injectar coisas na veia (isso sim também me custou algumas vezes), mudar pensos, tirar cateter, algalia e afins). 
Fui muito bem tratada. No entanto, não quero repetir. Porque as pequenas coisas da vida, são mesmo as mais importantes. E termos saúde, estarmos plenos de todos os movimentos, é algo tão básico e tão precioso.
Agora continua a ser um dia de cada vez. Todos os dias recupero um bocadinho. E em breve estarei de volta ao que era. Sem limitações, e plena de movimentos.

2 comentários:

  1. Estava a ler a descrição que fizeste e pensei "estás pronta para uma cesariana". É igualzinho, só que trazes um PRESENTE para casa que te faz esquecer um bocado pelo que passaste e as dores que ainda sentes. E passado um tempo já te sentes pronta para ir à faca outra vez para teres outro. Custa um bocadinho, mas somos super mulheres!

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  2. Olááá! =))

    É com muito prazer que venho conhecer o teu cantinho.
    Quanto à cirurgia, espero que já estejas totalmente recuperada.
    Em relação ao maior desejo, sermos "vizinhas" (ai nãoooooo, eu seiiii, o desejo é vir para junto do amor,eheheheh), espero que o consigas bem rapidinho.

    Um beijinho e boa sorte =)

    http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/

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