domingo, 18 de outubro de 2020

Ano de Quarentena


 Pois que, este ano tudo mudou. Vimo-nos todos a braços com uma mudança radical nas nossas vidas. A Pandemia veio mostrar aquilo que todos sabemos mas que não damos importância. A tal "imortalidade" que nos caracteriza. A Pandemia mostrou-nos, olhos nos olhos aquilo que efectivamente é a vida. A vida é o AGORA! Nem mais um minuto, nem mais um segundo.

Em Março fiquei em modo mãe e teletrabalho. Foi horrível. Senti-me muito mal. A minha menina não tinha culpa alguma, mas a minha Entidade Patronal da altura estava-se a marimbar para a minha condição. Se me levantava de madrugada ou se me deitava quando outro dia estava a começar. A compreensão foi nula e por muito que trabalhasse nunca era suficiente. Nunca chegava e os resultados e considerações finais foram que, em relação ao ano anterior, o trabalho estava atrasado. Nessa última reunião em que parecia que eu era a culpada de tudo, fui a única que se insurgiu e a única atacada. Uns dias depois entreguei a minha carta de demissão. Trinta dias depois estava a sair. Sem outro emprego, sem a perspectiva de qualquer trabalho. Tive medo, muito medo. Mas tinha mais confiança ainda.  O meu valor jamais seria posto em causa por pessoas que não faziam ideia do que foram aqueles dias. Foi a altura certa de dar o salto e depois de acontecer só pensava porque não o tinha feito mais cedo, quando já planeava isso há meses.

Quando entrei naquela empresa foi quando mudei para Aveiro, vinha de uma gravidez de risco e uma licença de maternidade. Sentia muita necessidade de trabalhar e no primeiro Cv que mandei, fui seleccionada. Era explorada até à medula. O trabalho nunca terminava e o peso que carregava nos ombros era infinito.

Quinze dias depois da minha saída comecei a trabalhar na Segurança Social de Aveiro. Passei do 80 para o 8. Conseguia ir buscar a minha filha pouco depois das 17h. Sabia bem o trabalho que tinha a fazer, havia um imenso respeito entre as pessoas, mas eu sabia que era temporário, que não era futuro e o processo pelo qual esperava, chegou a confirmação que iria começar. 

No dia 1 de Outubro ingressei como Técnica Superior na Universidade de Coimbra. Estou a trabalhar na minha área e com um vencimento adequado. É verdade que é longe, mas nada nesta vida se consegue sem esforço e sem ir à luta. Nunca consegui nada que não fosse com garra e com bastante resiliência e perseverança. Em ano de Pandemia mudei duas vezes de emprego! Fez-me lembrar exactamente o que me aconteceu há 15 anos atrás! Ouvi esta semana a seguinte frase "a vida resolve-se sozinha" da Catarina Beato. Eu costumava dizer e continuo a acreditar que a vida se encarrega de colocar tudo no devido lugar e efectivamente vivemos o que temos de viver, sofremos o que temos de sofrer e há que aceitar. Essa bagagem e especialmente a mais dura é o que nos engrandece. Se soubermos aceitar que tudo acontece para nos fortalecer e mostrar de que matéria somos feitos.

Vejo a maioria das coisas pelo lado positivo. Leio livros muito inspiradores, ouço podcasts, observo as pessoas e a paisagem. Penso na minha minha menina e o quanto se desenvolveu este ano. Como a amo e como está a ficar crescida e independente! 

Não nos podemos resignar, jamais! Temos de agradecer, por tudo. Especialmente pelas coisas mais pequeninas e insignificantes, pelos sorrisos, abraços e cumplicidade. Agradecer!

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