quinta-feira, 27 de setembro de 2012

25 de Setembro

Passaram 9 anos desde que o meu mundo ficou mais pobre. A tua partida, foi sem qualquer sombra de dúvida das coisas mais difíceis que vivi. Tive de reaprender a viver depois de ires. A nossa ligação era tão, mas tão especial.
Enriqueceste-me muito enquanto ser. Tinhas uma paciência "do tamanho de um cerro", palavras que eram tuas. 
Fazias de tudo por mim, querias sempre que eu ficasse a dormir lá em casa contigo. E eu ficava. E nunca senti que os meus pais gostavam menos de mim por me deixarem contigo e noutros tempos ficávamos também com o avô. Nunca encarei as coisas dessa forma. Era amada por todos e mesmo sendo uma criança traquina, soube desde cedo o quanto custava a vida, e o quanto era preciso trabalhar para que nada nos faltasse. A mim e ao meu irmão.
Tudo isto para te dizer que me fazes tanta falta. Não há dia em que não te recorde e o exemplo que me deste do que é ser-se uma boa avó. Tenho a certeza de que é esse mesmo exemplo que quero um dia para os meus filhos, se os chegar a ter.
Sei também que continuamos a ter um enorme fio invisível que liga o meu coração ao teu, onde quer que estejas. Sei que jamais me abandonarias e que seria muito difícil deixares de olhar por mim, tal como, quando eu era uma miúda de 11 anos e achava que bastava o ar para me alimentar. Nunca tinha fome, nunca me apetecia comer nada (excepto o teu maravilhoso arroz que fazias com a carne que sobrava do cozido à portuguesa, todas cortadas em pedaços pequeninos), e tu antes de levantares a mesa, sentavas-te ao meu lado, contavas-me uma história enternecedora, pedias-me que abrisse a boca e lá me enfiavas o almoço pela boca abaixo. No fundo o que eu queria era mimo. Era a tua dedicação. O teu Amor.
Que saudades eu tenho tuas!
Quando choro por ti, é apenas por saber que não mais te poderei ver. Por não te poder ter aqui. Por não te poder abraçar. As saudades são tantas que muitas vezes me sufocam.
Obrigada por me teres criado como criaste, por todo o amor que sempre me deste, todas as brincadeiras que tínhamos juntas, e as gargalhadas que partilhávamos ao serão.
Tenho um pedido de desculpas para te fazer. Desculpa não ter aprendido a fazer renda e não ser uma dona de casa exemplar. Sei que gostarias muito que eu fosse assim. Mas não sou assim avó.
Não sou muito boa nessas tarefas mas sou noutras e no conjunto acho que tens motivos para te orgulhar de mim.
Espero que olhes sempre por mim, como tens feito até aqui (eu sinto isso). Vives diariamente comigo, dentro do meu coração.
P.S.: Os teus bisnetos são lindos e muitas vezes conversamos sobre ti.

Amo-te Muito. Tal como antes. Tal como será sempre.

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