terça-feira, 26 de abril de 2011

Aquele Estranho... Parte IV

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Estacionei à porta de casa. Por milagre estava um lugar à minha espera. Vim acompanhada de um sorriso parvo. Só pensava nele. Aquele cheiro delicioso que é tão dele, aquela espontaneidade tão característica. E as saudades que eu tinha de sentir esta magia. Queria muito esta oportunidade. Só queria fazer as coisas bem-feitas, pelo menos enquanto durasse que fosse bom.
Chegada a casa não me apeteceu estar a ligar-lhe. Escrevi-lhe uma mensagem apenas a dizer que tinha chegado bem e que ia dormir. Agradeci-lhe também o facto de ter aceite partilhar o crepe comigo, assim não me pesava tanto a consciência por ter ingerido tanto doce sozinha.
Ele respondeu-me dizendo simplesmente que foi um prazer. Que poderíamos partilhar mais coisas daqui para a frente, se fosse essa a minha vontade. Despediu-se com um até amanhã…
Andei às voltas na cama sem ter a mínima vontade de dormir. Tentei por tudo não pensar, mas era inevitável. Tinha sido surreal. Peguei num livro e comecei a ler para ver se o sono descia sobre mim. De manhã ia custar-me horrores levantar, mas não queria saber. Ao fim de umas três páginas o João Pestana foi chegando de mansinho. Tirei os óculos, coloquei o livro para o lado, desliguei a luz e adormeci.
O despertador tocou pelas 6.30h. Abri os olhos de repente. Achei que tinha sido um sonho. Que a noite anterior tinha sido invenção da minha mente. Entrei no duche e quando saí vi que tinha uma mensagem no telefone.
Bom dia. Deixo-te o meu beijo e o desejo que tenhas um dia muito feliz. Hoje vou estar fora de Lisboa o dia todo, mas quero que saibas que te levo comigo nos meus pensamentos. Até logo.
Sorri. Agarrei o telefone e ri-me. Não tinha sonhado afinal de contas. Ele não se tinha esquecido de mim. Respondi-lhe dizendo que tinha gostado muito da sua companhia e que tipo de roupa era necessário para o fim-de-semana.
Tudo simples. Ficas bem com qualquer coisa. Apenas para o jantar é necessário algo mais formal, mas nada de especial. Já estou com saudades.
Despedi-me com um simples: tem um bom dia e continuei a despachar-me para ir trabalhar. Dancei em frente ao espelho, como se ele estivesse ali e me acompanhasse em cada movimento. Aquele sorriso encantador não me saía da cabeça. Vesti-me, tomei o pequeno-almoço e saí para o trabalho.
No caminho ligou-me a Rita, à espera das últimas novidades. Até tinha medo de falar no que quer que fosse. Não fosse haver algo e tudo mudaria de um momento para o outro. Mas com a Rita era diferente, não lho podia esconder. Apenas lhe disse que íamos de fim-de-semana, depois quando eu voltasse aí sim iríamos encontrar-nos e falar com mais calma. Senti-a aos pulos do outro lado da linha.
A Rita tinha sido das poucas amigas que ficaram na minha vida. Que o tempo não levou. Fomos sempre unidas. Estávamos separadas por duas centenas de Quilómetros mas nem isso fez com que as circunstâncias da vida nos separassem e admirava-a muito por ser uma miúda do campo, mas com uma garra imensa para o trabalho e para a vida.
E por falar de amigas não podia jamais esquecer-me da Isabel. No fundo contava apenas e só com estes dois seres, ou melhor três, não podia esquecer o meu querido Artur, claro. Os meus três grandes amigos. Mas quantidade nunca foi sinónimo de qualidade, logo não me importava minimamente com isso. Quantas pessoas estavam rodeadas de amigos e nos momentos em que mais precisavam estavam sós? Ou quantos não se sentiam sozinhos no meio de multidões? Eu tinha poucos, mas bons e daqueles verdadeiros como há tão poucos por aí.

3 comentários:

  1. Ainda hoje vim aqui ver quando foi a última vez que tinhas escrito alguma coisa e pensei...há tantos dias que ela não escreve nada e cá está, parece que me leste o pensamento. :)

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  2. Bons é que é preciso... dos maus há praí às toneladas :)
    Estou a adorar esta historia!

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  3. Assim é o amor ... tira-nos o sono, dá-nos a vida ... continuando.

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