quarta-feira, 29 de junho de 2011

Aquele Estranho... Parte VII

O tempo voou. Conversámos e conversámos sem que os assuntos se esgotassem. Ele ouvia-me atento e acho que sentia ali a mesma afinidade que eu e no fundo não acreditava que pudesse existir entre nós.
Foi muito especial aquele jantar. Tão improvisado, tão simples e tão bom. É nestas alturas que apetece parar o relógio e viver aquele instante em repeat.
Eu não sabia que tipo de intenções tinha. Sempre me respeitou mas ao mesmo tempo era a segunda vez que nos estávamos a ver. Eu não queria precipitar nada no entanto foi inevitável não nos envolvermos. Sempre o mesmo medo de falhar. De somar mais um fracasso. Eu estava tão nervosa, sentia um medo misturado com uma adrenalina imensa. Depois de terminarmos de jantar eu comecei por levantar a mesa e quando estava a preparar para lavar a loiça ele colocou-se estrategicamente atrás de mim. Cheirou-me o cabelo, abraçou-me e de uma forma ternurenta percorreu o meu corpo com as suas mãos enormes. Eu ainda lhe perguntei o que estava a fazer mas ele não me respondeu. Virou-me para ele e ficámos a olhar um para o outro em silêncio. Esticou o dedo indicador da mão direita e passou nos meus lábios segredando-me ao ouvido: “Este é o nosso momento! E é tão bom estar aqui contigo!”.
Eu não proferi nem mais uma palavra. Deixei tudo como estava e levei-o para a sala. Sentei-o no sofá e seduzi-o de uma maneira que há muito ansiava. Desejava-o de uma forma muito especial. Ele revoltava cada um dos meus poros. Entregamo-nos de um modo intenso e sem dúvida foi uma primeira noite muito especial.
 - Não acredito que estamos aqui os dois… - dizia-me ele com um sorriso de menino.
 - Pois mas estamos. Se tu não acreditas eu ainda menos consigo conceber este momento. Agora é a altura certa para pararmos os relógios e ficarmos assim a olhar um para o outro até nos cansarmos. O que dizes?
 - Por mim tudo bem. Não me importo nada. E de manhã quem se levanta para ir trabalhar? Ainda falta um dia de trabalho para o nosso fim-de-semana. No entanto vai passar num instante e vai ser óptimo poder sair daqui contigo. Passear de mão dada e gritar que me saiu um peso de cima. Não aguentava mais viver longe de ti. Quero tanto conhecer-te e partilhar o meu mundo contigo.
 - Não digas essas coisas todas assim só porque acabámos de fazer amor. Não existe nenhuma obrigatoriedade de nos relacionarmos seriamente. Amanhã quando acordares provavelmente já nem te lembras de mim nem o que se passou aqui. Nós somos completamente diferentes. Sentíamos uma forte química e fisicamente atraiamo-nos mas nada te obriga a quereres partilhar o teu mundo.
 - Não digas asneiras. Tu não sabes nada do que eu sinto. E pelos vistos não estás interessada em saber. Achas que tenho ar de quem vai atrás de uma miúda só porque me atrai? Achas mesmo que sou assim? Que gosto de estar sozinho e de me divertir com miúdas? Pois se pensas que sou assim estás muito enganada. Tenho a dizer-te que me estás a dar a primeira desilusão.
 - Vamos já discutir no primeiro encontro? Por mim é indiferente. Só te estou a dizer que não tens de ficar com o peso de nada que te ligue a mim. Ambos temos as nossas vidas bem distintas. É só isso que te estou a tentar dizer. Não quero virar o teu mundo ao contrário com exigências e planos. Muito menos quero a cena do “happilly ever after” – interrompe-me abruptamente, abre-me os olhos e diz: - mas devia ser isso que querias. Porque é isso que eu quero contigo. Quero construir algo que mude as nossas vidas. Os dois juntos. Pode parecer precipitado, mas eu adoro-te desde as primeiras vezes que te vi. Fico nervoso quando te encontro. Fico feliz quando te vejo sorrir. É isto que sinto. E quero que faças parte do meu mundo. Quero que façamos parte da vida um do outro. À séria. (silêncio)

2 comentários:

  1. Será que algum dia irei ouvir isso de novo?

    Muito feliz...por ti :)

    Porque um dia me perdi

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  2. ...E isto está a tornar-se um vicio...
    Porque um dia me perdi

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